segunda-feira, dezembro 24, 2007

Não será este desejo que me ocupa a empurrar-me para o meio da estrada. Nem são estas mulheres que me chegam pelo caminho das palavras. Posso claramente assumir que não sei para onde vou e não sei se quero ter companhia nesta travessia.
Mas não por estas mulheres. O desejo é faminto. É ou era. Não sei por vezes distinguir. Está em mutação constante. Como eu. É desejo sim. Mas por vezes apenas um desejo de vazio.
Não posso dizer que as desejo. Não sei o que posso dizer. Não sinto que as queira. E não estou seduzida. Não. Isso não. Sou intocável e mesmo quando o digo em voz alta põem-se em fila indiana a dizer que estou enganada. Estou sempre enganada. É o que me dizem. As mulheres. E eu repito: nenhuma delas me chega a dentro. Não sinto nada. Talvez desespero. Mas não sinto nada. Sou intocável.

Tenho a alma doente. E o corpo adoeceu primeiro. É o que me parece. Nas noites piores, com a voz dormente sinto que digo – toquem-me. Eu preciso de sentir. Não sei o que é isso de me sentir tocada. Não sei o que é sentir.

Mas não por estas mulheres.


Volto a adormecer. Já com o corpo nu e menos doente. E parece que sonho, algo de bom. Não sei o quê. Mas sonho e é só por isso que sinto também a alma menos doente.

E talvez amanhã não sinta esta miséria entediante que se tornou a minha vida.

2 comentários:

Anónimo disse...

Não durmas....
Apenas deixa-te adormecer!

bruno e.a. disse...

talvez!