sábado, março 29, 2008




Ainda sei a tua morada, quando a releio no soletro de números e sonetos, confundo-a de encontro aos atalhos do meu coração. Quanto mais te escrevo, de lugares e quereres divergentes, de saberes e deveres indiferentes, mais o gasto da memória se disfarça devagarinho na sola dos teus sapatos. Ainda sei o nome da tua rua, quando me imagino de pés assentes na ladeia do passeio, aperto-me de encontro aos carreiros do meu coração. Quanto mais me atrevo, nestes vultos e tumultos, nestes fantasmas e marasmos, mais o gosto da memória se aventura sorrateiramente no desgaste do teu esqueleto. Ainda sei o pouco que ficou: este nada que me importunaste como uma navalhada quente e funda, prepotente e de natureza hirta, como quando o teu corpo pede sem suplício e esgana - a demanda do homem. E quanto mais nos relembro, em tortura e formosura, de funeral ou epidural, mais a mácula desta cicatriz me molesta o tétano do corpo.
Ainda sei a todo custo, a dispensa do teu amor.



In Férreos Tranversais de Alice Turvo

8 comentários:

Anónimo disse...

"De onde te conheço?"


(SE)

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Francesca disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Francesca disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Francesca disse...

Anónimo 1:

Não sei de onde me conheces e o mais certo é que não me conheças. As iniciais SE não me fazem muito sentido, se quiseres clarificar, agradecia.

Anónimo 2: Se te quiseres identificar sabes como o fazer, se não quiseres não há nada que possa fazer. Mas mais comentários destes escusas de enviar porque não os vou publicar.

Anónimo disse...

1_Estou mais que identificada!
2-SE/ ntido...talvez com algum sentido!
3-Parabêns por tudo o que escreves por aqui...Admiro-te muito.
4-Quanto a comentários...eu acho que nem todos tem que ser publicados.



Um dia feliz para ti*y

Anónimo disse...

Boa decisão!
Também não era minha intenção tornar público o que escrevi.
A minha intenção era simplesmente que a mensagem chegasse até a ti.

Quando eu chegar a Portugal, dou noticias.

Anónimo 2.