domingo, março 09, 2008

"Em que outras angras terás desfrutado a rebentação do Atlântico, devassada sobre um manto de armérias e malmequeres, terás amado antes de recolheres o baque nas ancas? Terás preterido outros portos de sal grosso crestados sobre o teu dorso? Terás amado previamente por cada veleiro em cor de fogo? De que lenha arde a brisa no teu vestido torrão-lima? De que cântaros a seiva enrija da minha sede para o contorno dos teus seios?
O teu esqueleto é um amor de amor encorpado noutro amor de amores nefastos. Massa turva de fronteiras quebradiças.
Sonho o dia em que me abandonarás.
Para que o teu abandono me seja indolor, para que no estibordo das tuas emoções, a minha placitude te seja tranquila como o violeta aberto aos meses de polén. Quando me cederes ao desconsolo do transposto, não te lamentes a despedida. Eu serei por ti, serei das memórias que te desconhecem o desconforto de cada fim, tu serás por mim, serás fiel à ingratidão que ao amor se lhe incumbe.
O amor será por nós silenciado nas angras perdidas da tua virgindade."



In Férreos Transversais de Alice Turvo

3 comentários:

Anónimo disse...

simplesmente belo.

Anónimo disse...

afinal era este.
beijinho.

ass: tennis giros.

Anónimo disse...

Este "anónimo" não sou eu!
beijo