segunda-feira, maio 26, 2008

Pergunto-me por ti. São raras as vezes em que não o faço. Não espero respostas. Na verdade, basta-me o simples perguntar. O simples saber que a tua existência ainda está neste mundo. Que não morreste. Não suporto o cheiro a morte ao meu redor. Não suporto esse fim. Essa questão mais que resolvida. Sim, é uma questão assente. Penso que houve alturas em que achei não ter medo do medo de morrer. Ou o medo do medo de perder os que me são queridos. Lembro-me que são poucos. Com a idade a chegar-nos ao rosto, sentimos com maior clareza as amizades que poderão permanecer por mais tempo. E facilmente o grupo vai ficando mais pequeno. De entre aqueles que supões serem teus amigos, com quem é que podes contar? Se estiveres doente quem é que te leva uma sopa? Quem te liga a perguntar se precisas de alguma coisa? Por vezes, são as pessoas de quem menos estás à espera. São aquelas que ainda não consideras amiga. E essa surpresa soa-te bem no coração mesmo que o corpo arda de febre. E hoje pergunto por ti. Sempre em silêncio. Sem saber se continuas em Portugal e em Lisboa. Se continuas com o cabelo curto? Como é a vida na tua casa? Será que te encontro um dia destes na feira do livro? Lembro-me que ninguém pode responder a estas minhas questões. Talvez ninguém imagina como sinto a tua falta. E este espaço sem a tua presença sabe-me a morte. Tem o seu cheiro. As suas cores. A diferença é que tu na verdade estás viva e eu não te posso visitar no cemitério. Não te posso visitar nem na vida nem na morte.




Lembro-me que é assim.

2 comentários:

Anónimo disse...

não tenho medo da morte. da minha.
das ausências sim. em vida. e em morte.
gosto das tuas letras.
gosto-te.

Madeira Inside disse...

É pá!
Gostei! Mesmo muito! Mesmo mesmo muito!