sábado, março 14, 2009

2 anos e 5 meses

Sabes há quanto tempo me fazes falta?
Há quanto tempo disseste que te deixaste de identificar comigo?

Ambas sabemos que aconteceu há demasiado tempo. Tempo que não regressa. Tempo falido aos nossos passos perdidos. Tempo em que não sabes de mim. E eu não sei de ti. Tempo onde se encontram todas as memórias do antes. Daquele espaço temporal em que eu era a tua afilhada e tu eras a minha madrinha boa. Porque havia e continua a haver a má. Das noites de tarot e de rumo ao bairro alto, pelo meio o caldo verde e depois tu a entrares no primeiro barco da madrugada e eu a apanhar um táxi. Daqueles dias em que sabíamos que um café, jantar, cinema estava para breve. Das horas em que acreditávamos que seríamos sempre parte da vida uma da outra. Dos dias em que tu compreendias quem eu era. Que tu me ouvias. Me aparavas as quedas. Punhas fita-cola no meu coração. E dizias que o melhor ainda estava para ser vivido. Lembras-te? Dos segundos, minutos, horas, dias, meses, anos em que gostaste de mim. Em que te orgulhavas de me ter como tua afilhada.. Em que acreditavas que eu ia ser grande. Daquele tempo ainda tão presente em que eu ficava triste quando tu estavas triste. Porque queria que fosses feliz. Porque ninguém o merecia mais que tu.

Mas talvez não te recordes. Talvez me tenhas expulso das fotografias da tua memória. Talvez.

Não te preocupes. Eu guardo-as a todas. E lembro-me por ti.

2 comentários:

Trio Colher de Pau disse...

Acabo sempre por me esbarrar Aqui,
gosto de ler-te.Não tenho palavras!
Recordar é Viver...e já é uma da manhã e eu ainda estou a digerir o caldo verde...é estranho!
*

Anonyma disse...

Passo aqui, por vezes.
Não me recordo de alguma vez te ter deixado um comentário.
Talvez devesse.
No meu coração não grassa a inveja mas muito admiro essa tua forma de transpôr a alma em palavras.
Fica bem e não deixes de escrever.