quinta-feira, março 19, 2009

Existia uma certa loucura. Que estupidez! Havia efectivamente um elevado grau de loucura. Nos sentimentos. Na turbulência. Na manipulação. Na insistência dos sonhos. Nas decisões. Na forma de fazer amor. De foder. De Amar. De te amar.

A loucura ainda me rega o calor dos dias. Ainda se povoa mistificada por debaixo das minhas almofadas. Onde se deitam comigo todos os meus segredos. A par da loucura, tudo o resto. As fraquezas. As inseguranças. As qualidades levadas ao exagero. Os medos. Em constante batalha com a força que trago em mim. Um quase desejo de heroísmo. Daquele existente nas histórias inventadas que se enterram num final feliz. Foi isso que persegui durante todos estes meses. Uma vitória do heroísmo. Uma vitória do Amor. Do amor que vi nascer sem qualquer autorização. Do amor que descalçou os calos que a vida me presenteou. Do amor falecido nas nossas mãos. E culpo-te. Irei sempre culpar-te. E culpo-me a mim. Por ter voltado aos tempos de menina-ingénua-crédula-hipnotizada-sonhadora. Por ter voltado a acreditar. Num amor. Sem nome ou espaço digno de si. De ter acreditado em ti. E na força ou vontade que te são nulas. Que ficaram estarrecidas na terra fértil. Deixaste-as lá. E sim, nunca te irei perdoar. Guardo-te em rancor. Em fúria. Mas não em ódio. Guardo-te e nomeio-te o meu fantasma. É teu esse papel de me perseguires pela vida inteira. E guardo-te no amor que cravei na minha pele por inteiro. Não há forma de o desintegrar. Não há forma de o devolver à loja. Ou de pedir um reembolso por me ter sido vendido com defeito. Não, inteirei-me desse amor que me soube a vida. A felicidade. Inteirei-me porque o quis meu. Quando na verdade, foi sempre um amor condicionado por ti. Por ti.

Não te digo Adeus. Seria uma parvoíce. Quanto mais dizemos adeus, mais longe ficamos da liberdade.

Digo-te apenas que lamento o desígno final desta nossa caminhada.



5 comentários:

Papoilas de Abril disse...

"Só o Amor conserva e mantém tudo."
...e aqui estou de novo a ler-te!
Parabéns!

Continua a escrever...

clic disse...

Li, por aqui fora... Gostei muito!

aframboesa disse...

ai a loucura. . .

tenho saudades de ti, narcisa.

bisou *

Teresa Coutinho disse...

Hei-de cá passar novamente. As tuas palavras (con)venceram-me.

Parabéns.

Unknown disse...

Só quem sentiu um amor assim, o consegue escrever...doi e corroi mas faz.nos acreditar.

Obrigada