quinta-feira, setembro 01, 2005

II

Chego tarde, entro de mansinho com medo de a acordar, sinto os meus pés de bailarina a dançarem até chegarem à luz mais perto do quarto, dispo-me num rodopio acelerado, não vou à casa de banho, não visto o pijama, não respiro.
Olho-te, mexes-te e encolhes-te nos lençóis vermelhos, tento desaparecer no rasto da chuva que resolveu aparecer, fico mas sei que tenho de ir. Desisto.
Ponho-me à tua frente, parece que sabes, que sentes na tua pele o que aconteceu.
Agora o mundo abriu-se em dois e não consigo regressar a ti, ao teu abraço, ao teu amor desgastante que me adormeceu a vida. Já não somos. Perdoa-me.
Deito-me a teu lado gélida, dormente, arrependida – não te consigo olhar, não te consigo tocar, aproximo-me um pouco. Merda. O meu corpo recua num impulso que vem de dentro. Digo-te – amo-te – não o sentes, fecho-me dentro do teu corpo, exijo adormecer para esquecer e visto os meus sonhos de esperança para que o dia amanheça rapidamente para voltar a sair.

2 comentários:

Anónimo disse...

Cacau!
Gosto mesmo da forma como escreves!
És muito incisiva, e serves um texto nu e cru mas, completamente apaixonante.

Continua…

Anónimo disse...

Passei à procura de novidades mas...
Crise de inspiração? Ou o belo sol torna-se mais apetecível?

Continua a sorrir...