domingo, setembro 11, 2005

III

Acordei sem ser as horas a me acordar, acordei com o peso do coração a querer sair de cá dentro como se tivesse levado com uma pancada forte. Não sei quando tempo demorei a adormecer. Não sei a que horas chegaste, a que cheirava o teu corpo, a que odor saberia a tua boca.
Não sei se me tocaste. Se sentiste pena de mim deitada nesta cama de olhos inchados, de corpo vazio, à tua espera. Sempre à tua espera. Abro os olhos ainda fechados, ainda dormentes.
Olho para o outro lado da cama. Tu. Sempre tu. Dentro de mim existe a vontade de te expulsar da cama, de te acordar aos berros, de te chamar de tudo e mais alguma coisa. Não consigo. Prefiro expulsar-me eu da nossa cama, de ouvir berros o dia todo, de me chamar a mim o que não consigo chamar a ti…porque tudo em mim te protege, tudo em mim vê esperança em ti.
Tomo um duche. Esfrego o meu corpo como se fosse o teu, como se em mim estivessem as marcas da outra, da preferida. Visto-me. Não me olho ao espelho. Aproximo-me de ti para te fazer uma festa no cabelo, para te amar nesta tua ausência amargurante.
O mundo parou. Sempre tu. Tenho a raiva nas minhas mãos.
Quero bater a porta com força para acordares. Fecho a porta silenciosamente. Odeio-me.

6 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
blank disse...

Escreves muito bem....transmites sentimentos muito fortes... Gostei de td o q li..
Jinhos

Anónimo disse...

escreve sempre. escreve a verdade... escreve o que pensas e o que sentes... escreve o que és... os teus sonhos.
mas sempre: escreve o que pensas.
e nem sempre terás de vestir uma capa de fortaleza, de construir castelos e muralhas.
~eu... não te conheço... mas continuo a diizer-te que gosto do que leio, que o que escreves me toca cá dentro.
sabes quem sou?
talvez...

whitesatin disse...

Que desgaste menina!
Viver em contradição com o que se sente é mortalmente sufocante.
A tua escrita cada vez está melhor. Keep it up.
Beijinhos

Anónimo disse...

Nunca é demais dizer o quanto tu escreves bem, não diria bem...diria que tens um dom muito próprio de colocar as palavras..de as sentir e fazer sentir nos outros...
é sempre bom saber que ainda se sentem estas coisas que nos atormentam a alma, o corpo..
Um beijo aqui do eu :)

Anónimo disse...

Os dois últimos parágrafos são mais que geniais…

Continua a sorrir!