segunda-feira, julho 03, 2006

Esqueces-te vezes demais das histórias que me contaste. Se as lembrasses, ver-me-ias tão melhor. Saber-me-ias criação tua, criação nascida das tuas histórias. Mas a cegueira ocupou-te todos os teus sentidos, perdeste a clareza de quem tinha o privilégio ou não de ver além do óbvio. Foi essa clareza a razão de me ter apaixonado por ti. Conseguires contemplar o que nunca ninguém antes tinha conseguido. Agradeci-te com a minha paixão alucinante por ti. Foi a pior coisa que podia ter feito. Os outros conseguirem-nos ver para além da vulgaridade de outros olhos, não devia ser agradecido, melhor, não era eu que tinha que te agradecer. Serias tu a felizarda. Ver alguma pela primeira vez, de forma tão clara, tão inesperada é algo que nem todos podemos alcançar. Tu conseguiste. Eras tu que me tinhas que agradecer. Não o fizeste. Nem eu o permiti. Colocámos o jogo ao contrário. E as regras eram poder teu. Adiantou-nos de alguma coisa? Se calhar tu com as tuas ideias sacrificadas de bom senso achas que melhor não poderia ter acontecido. Mas até tu erras. E sabe-me bem saber desse teu erro e de te ver a ti a dançar num ritual absurdo de quem nunca erra. De quem consegue tudo. Fazes-me rir. Um riso canibal. De quem tem uma fome voraz de te despedaçar o coração. Esse antro que é alimentado, que se impregna como mancha nos sentimentos a desflorar dos outros.
Esta noite, quererás ser alimentada de novo pelas minhas fragilidades. E serás alimentada, oferecer-te-ei a minha única fragilidade: Tu.

3 comentários:

Anónimo disse...

Sou frágil demais para comentar...

musalia disse...

um dia sempre acabamos por olhar com olhos de ver. nesse momento, percebemos que já estamos longe desse afecto. e então...partimos, calmamente.

beijinhos, Cacau :)

(estou menos assídua porque estou de férias)

Madalena disse...

Paixão...! :)