quinta-feira, setembro 25, 2008

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22 de Setembro de 2008-09-25


Hoje não me apetece falar do amor. Hoje não gosto do amor. Não o quero perto de mim. Quero todos os meus sentidos fechados. Não quero sentir nada. Quero esquecer que hoje é segunda-feira. Quero esquecer que estamos em Setembro. Quero esquecer que hoje foi o último dia de Verão. Mais, quero esquecer o Verão. A primavera. O Outono. E o Inverno. Quero esquecer tudo.

Hoje é um daqueles dias em que não gosto de nada. Não tolero vozes. Fico impaciente com o ruído dos carros. Olho para a cama e apetece-me ir. Hoje não me sinto. Hoje poderia chorar. Sim é um bom dia para chorar. Mas só o facto de ficar com a cara molhada chateia-me e, portanto, não choro. Hoje poderia ficar horas a fio sem comer. Sim, ficaria bem. E depois as gargalhadas. Não quero que ninguém sorria. Ria. Quero que todos se encham de tristeza. Hoje sim podem-me chamar de desumana. Porquê? Porque estou-me a foder para os outros. É assim que estou. Fora de mim. Fora do mundo. Fora dos outros. Com a frieza de volta do corpo. Num abraço de reconhecimento. A abstinência dos sentimentos. Na ilusão que os podemos mandar dar uma volta. Não vão. Mas continuemos nesta ilusão. E poderia ligar a um serviço de acompanhantes e encomendar uma morena, trintona, portuguesa que fizesse muito e falasse pouco. Dar uma por dar. Uma serva silenciosa. Hoje também iria achar piada em dar estalos. Dos que deixam marcam. Distribuir violência pelos corpos alheios. Hoje estar-me-ia a cagar se houvesse sangue pelo chão.

Hoje apetece-me ir. Para qualquer lado. Desaparecer por momentos. Não é que a vida me seja insuportável. Não. A vida vive-se. Continuo a sobreviver. É já um hábito. Uma medida na minha medíocre existência.

Espera. Afinal, hoje talvez seja insuportável não te ter.






25 de Setembro de 2008.



Existe uma dor por dentro. Está a contaminar tudo. Existe uma dor que provém do amor. Da desilusão. Da cobardia. Da fé mal parida. Da esperança. Do acreditar. Existe uma crença que não tem espaço por onde se possa espreguiçar. Este amor nasceu fodido. Sem tempo. Ou espaço. Ou liberdade.

Não. Concordo contigo. Não há ponto final para este amor. Existe um ponto espaço dois pontos. E existe um caminho sem qualquer cruzamento. Por mais que inventemos histórias felizes. Por mais que por momentos haja a sensação que ninguém nos irá derrotar. Mentira. Nós estamos desde sempre derrotadas. E as amarras estão a desfiar. Não existe a palavra. O beijo. O mimo. O abraço. E novamente o tempo o espaço. Apenas uma fila de sentimentos que não segura a casa. Se tenho dúvidas do que sentes por mim? Nem sempre. Mas hoje tenho. Ontem tive. Certamente amanhã terei. Falta-nos a casa que se aguenta em pé sozinha. Falta-nos a estabilidade. Falta-te a vontade de ires além e de te sacrificares. E mais uma vez, o amor não é suficiente. Nem as palavras. Apenas a acção. Mas a acção que se foda.


Onde estás?

Escolhes-me?

Amas-me? …………………………………………………..

Queres fazer-me feliz? ……………………………………

Sou mais do que uma foda cheia de qualidade? ………………………………….

Não. Neste momento eu não sei nada. E tu estás demasiado longe para dizeres o que quer que seja.

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