segunda-feira, outubro 24, 2005

Preciso de te dizer que vou partir, que hoje será o último dia que estaremos juntas...sei que precisas de tantas respostas mas não tas sei dar. Sinto que o mundo é
pequeno demais para as minhas manias e taras. Não me chames egoísta nem vítima...sou egoísta porque aceitei essa característica como base da minha natureza,
vítima não sou porque as vítimas são aqueles que não tiveram culpa do que lhes aconteceu, tomadas pela má sorte da vida; eu assumo que se me tornei nisto
foi apenas por minha culpa, assumo cada erro, cada traição - não culpo ninguém, nem me culpo a mim - simplesmente quando pude parar achei que era cedo demais e agora torna-se tarde. Ouve-me - se me vou embora, não é por não gostar de ti, não te amo sempre fui clara, para mim o amor é apenas um livro, umas tantas palavras que nos envolvem e nos fazem achar que é o melhor do mundo. Gosto de ti, gosto da maneira como os teus lábios mexem quando falas comigo, gosto de gostes de mim e me aches mais do que sou, gosto que não vejas mais para além de mim, gosto de foder contigo até à exaustão, nisso nunca encontrei outra igual a ti e espero não encontrar, o sexo bom também cansa e detesto estar com alguém que se enquadre logo à primeira na minha maneira de estar na cama. Lembro-me da primeira noite. Correu tão mal...gostei de ti a partir daí, tudo a correr mal e tu a tentares que de repente tudo fosse perfeito. Gosto de mulheres que tentam, tentam e quando não conseguem assumam isso. Haverá algo mais sensual do que uma mulher armada em perfeita assumir que simplesmente não consegue? Gosto de mulheres desarmadas, sem maquilhagem e de cabelos despentados. Simplesmente nuas sem burocracias. Sim, confesso que também gosto delas todas pipis, mas canso-me mais facilmente.
Deixa de me gritar e ouve: nós somos fantásticas juntas eu sei, mas se ficar daqui a dias matamo-nos uma à outra; a convivência é coisa que não faz parte de mim, estou presa apenas
a mim própria; há dias ficaste em minha casa, levantei-me a meio da noite e apeteceu-me dar uma volta...quando cheguei não parecias tu, só me perguntavas onde tinha andando. Eu explico-te: dormir com alguém, mesmo que não queiramos gera uma certa dependência, julgamo-nos no direito de fazer perguntas, de armar cenas, de dormirmos abraçadas - tu que dizes me conhecer tão bem, achas que poderá haver uma dependência em mim que não seja tabaco, erva, sexo e escrever? Não há, só fico dependente de quem não me pode mandar para a cabeça ou cobrar alguma coisa. A dependência é para os românticos e para os que ainda tem fé.
Preciso de te dizer que vou partir, que hoje será o último dia em que me virás a entrar pela tua casa adentro e tomar-te como se te quisesse minha todos os dias e durante mais tempo do que este que passou.
Agora vou me enquanto dormes, não me apetece confrontações amorosas, sexuais o que seja que tenhamos.
A vida não me domou, não me tornou melhor pessoa...e por mais que nunca quisesses acreditar, também não és tu que me vais salvar...

3 comentários:

Anónimo disse...

o texto ta fantastico, dos melhores que ja li. força na tua vida, beijinhos e muita erva pa cabeça.
Molanga :)

Anónimo disse...

:)

Anónimo disse...

Há momentos na vida nos quais devemso amar mais a nós mesmos do que ao outro, só assim aprenderemos o valor da companhia.
Belo texto
Abraços