domingo, março 19, 2006

De-Lovely

Raízes. Raízes que te passeiam pelo corpo. Raízes de um amor que a morte adormecerá. De quantas noites fizemos nós o mundo, em tragos de beijos nossos, de quantos dias fomos eu e tu para além da vida. Trago-te em mim mais do que poderia esperar. E irás partir. Irás partir mesmo que o amor não tenha acabado. Irás partir mesmo sendo teus os passos que oiço em casa ao acordar. Irás partir deixando o rasto do teu cheiro pendurado na minha pele. Foi-nos tanto o amor. É-nos tanta a dor. Pinto as palavras de ausência. E continuas cá. Mesmo que a ausência já tenha corpo. Mesmo que o adeus me arranhe a garganta. Meu amor. Amarras-me à vida. Amarras-me pelas mãos com a fé do que me tinha esquecido de sentir. Cansam-me já as lágrimas que irei chorar. Cansa-me já a dor que irei sentir. Quando tu partires e me esqueceres pelos passos. Meu amor. Poderia eu algum dia cansar-me de te dizer o quanto te amo? Poderia eu algum dia expulsar de meus seios a marca das tuas mãos que me pousam como pássaros? Poderia eu algum dia te beijar e te dizer a palavra adeus? Irás partir. E eu irei ficar. E o dia após isso acontecer não me saberá a dor. Será uma não-vida.

2 comentários:

GNM disse...

Cacau, leio neste teu
texto um poema lindíssimo.
Comoves-me.
Impressionas-me.

Um beijo...

Alunos disse...

Também o Adeus é bonito.